terça-feira, 18 de setembro de 2007

A Purga existe porque tem razão de existir...

Desde a fundação de Portugal até aos dias de hoje tem existido sempre entre as nossas gentes um motivo de descontento causado por esta ou por aqueloutra razão. Os anos foram passando, mas a crítica e a sátira nunca desapareceram. Historiadores e investigadores têm debatido sobre este factor ser tão importante para a génese do nosso país. Algo que não acontece e que não tem a mesma expressão noutro qualquer país estrangeiro. É por esta factor estar tão embrenhado no nosso sangue lusitano que reaparece A PURGA. Somos, como outros antes de nós o foram, um mero veículo de transmissão desse descontentamento. Somos bebedores da sabedoria dos trovadores de cantigas de escarnio e maldizer medievais, de Gil Vicente, de Bocage, de Herculano, de Eça de Queirós, de Bordalo Pinheiro, de Fernando Pessoa, de Almada Negreiros, de Zeca Afonso, das três Marias, de Sérgio Godinho, de Miguel Esteves Cardoso, dos Gatos Fedorentos, de Pedro Tochas, da Noite da Má-língua, do Eixo do Mal e do Prazer dos Diabos. Resistimos às intempéries como resistiram os nossos compatriotas durante a presença nefasta da Real Mesa Censória da Monarquia, da Censura do Estado Novo, e dos poderes instituídos e bem-assentes da nossa democracia. Não nos mandem calar, porque não o faremos. Os outros resistiram e nós faremos o mesmo. A crítica, o maldizer, está na nossa massa cinzenta, no nosso sangue, na nossa alma... por isso aguentem-na ou caiam da cadeira...

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